Certo dia conversando com um amigo sobre a insistência que nós temos em escolher relacionamentos usando exatamente o nosso dedo podre ao invés dos outros nove dedos bons era impressionante, talvez um caso para estudo. As consequências desastrosas que isso trazia consigo era sem dúvida a parte mais difícil.
O fato é que sempre estamos construindo um futuro,
quer seja sobre a Rocha ou sobre um monte de areia. Isso é inevitável, mas o
alicerce é sempre o nosso direito de escolha.
Durante a conversa ele se lembrou de uma frase
justificativa que sua saudosa avó costuma dizer: “Há pessoas que preferem os
olhos e outras as remelas.”
Achei nojento, mas tão verdadeiro.
É o que conhecemos como livre arbítrio.
As remelas sempre chegam esbanjando charme e
simpatia. Cegam-nos. Em nossa cegueira nos parecem as escolhas perfeitas. Mas
acabam por nos remeter a relacionamentos recheados de briguinhas bobas, ciúmes
bestas, vazios por si mesmos.
Confesso que já optei por uma remela em minha vida
que me chamava até de meu amor. Eu me achava a pessoa mais feliz e sortuda
desse mundo com a minha remela. Era de dar inveja às outras pessoas. Parecia um
sonho até que virou um remelento pesadelo. Principalmente no dia em que dei um
fim no namoro. Ele apareceu em minha casa com conjuntivite. Fala sério!
Acabei pegando. Virei literalmente a remelenta da
vez.
É muito complicado perceber as remelas antes que
elas te ceguem e o mais difícil é encontrar os olhos depois disso tudo.
Ainda procuro por eles.
E você? Olhos ou remelas?
Sem querer influenciar as suas decisões, gostaria
de lhe lembrar de que com o passar do tempo as remelas te impedem de enxergar
os lugares por onde você pisa, os tropeços serão inevitáveis e as quedas também
acabam acontecendo um dia e machuca. Impedem você de ver as coisas como
realmente são. Não estacione a sua vida onde não cabem os seus sonhos.
É uma questão de escolha, de gosto, tenha certeza
disso.
Quem sabe não é a hora de lavar esse rosto, menina!
Uma sábia mulher a avó do meu amigo...
Cris M C Ramos